Olá a todos! Como assistente social, sei que a nossa profissão é uma missão de vida, cheia de desafios e recompensas únicas. Mas, convenhamos, muitas vezes nos pegamos pensando: “Será que estou a comunicar da forma mais eficaz?” No dia a dia, desde a escuta ativa até a mediação de conflitos complexos, a maneira como nos expressamos faz toda a diferença na vida de quem ajudamos e no nosso próprio bem-estar no trabalho.
A comunicação vai muito além das palavras, e neste mundo digital em constante mudança, as ferramentas e abordagens que usamos evoluem rapidamente. Por isso, partilhar as minhas aprendizagens e algumas dicas que transformaram a minha prática é algo que me apaixona.
Querem descobrir como aprimorar essa habilidade essencial e fazer a diferença de um jeito ainda mais poderoso? Então, continuem a leitura para mergulhar nos segredos da comunicação eficaz!
A Arte de Ouvir com o Coração: Desvendando a Escuta Ativa

Na nossa profissão, a escuta é mais do que um ato; é uma ferramenta poderosa, a pedra angular de qualquer intervenção bem-sucedida. Lembro-me bem dos meus primeiros anos, achava que ouvir significava simplesmente não interromper. Que engano! Com o tempo, e muitas situações desafiadoras, percebi que a verdadeira escuta ativa é um processo profundo de conexão, onde não só se ouvem as palavras, mas também as emoções, os silêncios e o “não-dito”. É um mergulho no universo do outro, sem julgamentos, apenas com a intenção genuína de compreender. Um cliente que me procurou um dia, completamente desiludido com a vida, conseguiu, pela primeira vez, desabafar sobre anos de frustrações. Eu não dei conselhos imediatos, apenas ouvi, assenti, reformulei algumas frases para mostrar que estava a acompanhar o seu raciocínio. Ao final, ele disse: “Pela primeira vez, sinto que alguém me ouviu de verdade.” Naquele momento, compreendi que a escuta ativa constrói confiança, segurança e proximidade, elementos cruciais para qualquer processo de ajuda. É a base para construir uma aliança terapêutica sólida e eficaz. Sem essa base, qualquer outra técnica que tentemos aplicar pode simplesmente não surtir o efeito desejado, porque a confiança não foi estabelecida.
Mais do que Ouvir: Compreender de Verdade
- Foco Total no Outro: Deixar de lado o telemóvel, as preocupações do dia e dedicar toda a nossa atenção à pessoa à nossa frente. É difícil, eu sei! Muitas vezes, a nossa mente divaga, mas com prática, consegui aprender a “desligar” o mundo exterior e focar-me 100% no que o outro está a partilhar. Lembrem-se da regra 70/30 para contacto visual: 70% do tempo a olhar nos olhos, 30% a desviar o olhar para evitar o desconforto.
- Refletir e Clarificar: Depois de ouvir, eu aprendi a resumir o que o cliente disse e a perguntar se entendi corretamente. Isto não só clarifica o significado para mim, mas também mostra à pessoa que realmente a ouvi e me importo em entender. É como se eu devolvesse a bola depois de a ter apanhado, garantindo que a comunicação é uma via de mão dupla.
A Linguagem Silenciosa: O Poder da Comunicação Não-Verbal
Sabem, o nosso corpo fala muito antes de abrirmos a boca. E, muitas vezes, fala mais alto do que as palavras. Na minha prática, a comunicação não-verbal tem sido um campo fascinante de aprendizagem. Lembro-me de uma situação onde uma utente me dizia que estava “tudo bem”, mas a sua postura fechada, os olhos baixos e a voz trémula contavam uma história completamente diferente. Se eu tivesse focado apenas no que ela dizia, teria perdido a oportunidade de a ajudar. Interpretar esses sinais é uma competência que desenvolvemos com o tempo e a experiência, observando atentamente, mas também ajustando a nossa própria linguagem corporal para transmitir abertura e acolhimento. Um sorriso genuíno, um assentimento com a cabeça, uma postura aberta, tudo isso pode fazer com que a pessoa se sinta mais à vontade e encorajada a partilhar o que realmente sente. É como um espelho: se mostramos rigidez, podemos receber o mesmo. Se mostramos calor humano, a probabilidade de uma conexão é muito maior. É um convite silencioso à confiança.
Gestos, Expressões e Postura: Os Sinais que Enviamos
- Postura Aberta: Evitar braços cruzados, manter uma postura relaxada, mas atenta. Isso transmite acessibilidade.
- Contacto Visual Adequado: Como já mencionei, o contacto visual é crucial. Demonstra interesse e engajamento. No entanto, é fundamental estar atento para não invadir o espaço do outro, adaptando-nos à cultura e ao conforto de cada um.
Interpretando o Não Dito: Olhar Além das Palavras
- Observar Sinais de Stress ou Desconforto: Mãos inquietas, desviar o olhar repetidamente, voz embargada… São pistas que nos dizem que algo mais se passa, mesmo que a pessoa não consiga verbalizar.
- Coerência entre Verbal e Não-Verbal: Quando há uma discrepância entre o que é dito e o que o corpo expressa, o não-verbal geralmente revela a verdade mais profunda. É aí que a nossa intuição e experiência entram em jogo para investigar mais delicadamente.
Navegando pelas Águas do Feedback Construtivo
Dar e receber feedback é uma das habilidades mais desafiadoras, mas também das mais recompensadoras, na nossa área. Quem nunca sentiu aquele friozinho na barriga ao ter que dar um feedback menos positivo a um colega ou ao receber um sobre o próprio desempenho? Eu já senti várias vezes! Mas aprendi que, quando bem feito, o feedback construtivo é um impulsionador de crescimento, capaz de transformar falhas em oportunidades de aprendizagem. Uma vez, precisei abordar um colega sobre a sua falta de pontualidade, que estava a afetar a equipa. Em vez de criticar a pessoa, foquei-me no comportamento e no impacto que este tinha no trabalho coletivo. Comecei por reconhecer o seu bom trabalho em outras áreas e depois apresentei o problema de forma factual, oferecendo-me para encontrar soluções juntos. Foi uma conversa difícil, mas o resultado foi incrível: ele não só melhorou a pontualidade, como se sentiu valorizado e engajado na busca por melhorias. O segredo é sempre focar na solução e não apenas no problema, e na pessoa que recebe o feedback. Não se trata de apontar o dedo, mas de estender a mão para o desenvolvimento mútuo. É uma habilidade que exige empatia, respeito e clareza.
Como Oferecer Críticas com Empatia
- Seja Específico e Contextualizado: Evite generalizações. Em vez de “o teu relatório está confuso”, eu diria “o relatório trouxe informações importantes, mas percebi que os parágrafos ficaram longos. Se usares subtítulos ou tópicos, pode facilitar a leitura”.
- Foque no Comportamento, Não na Pessoa: A crítica deve ser sobre a ação, não sobre o caráter. Isto ajuda a pessoa a não levar para o lado pessoal e a focar-se na mudança.
- Ofereça Soluções ou Caminhos de Melhoria: Um feedback sem uma sugestão de como melhorar pode ser desmotivador. Devemos guiar para o desenvolvimento, oferecendo recursos ou ideias.
Abertura para Receber: Crescendo com o Que Nos Dizem
- Esteja Aberto e Receptivo: Ninguém gosta de ouvir críticas, mas é vital encará-las como oportunidades de crescimento. Respire fundo e tente ouvir com a mesma escuta ativa que oferecemos aos outros.
- Peça Esclarecimentos: Se algo não ficou claro, pergunte. Isso mostra que você está a tentar entender e não está na defensiva.
Gerindo Conversas Difíceis e Momentos de Crise
Ah, os conflitos! São inevitáveis na vida e, principalmente, no nosso trabalho. Quantas vezes me vi no meio de discussões acaloradas entre famílias ou a mediar tensões em equipas multidisciplinares? No início, sentia um nó na garganta, mas com os anos, percebi que a nossa presença como assistentes sociais pode ser um porto seguro nestas tempestades. A chave está em transformar o conflito de um campo de batalha para um espaço de diálogo e compreensão mútua. Lembro-me de um caso em que dois irmãos estavam em guerra por causa de uma herança, com repercussões graves para a família toda. A minha intervenção focou-se em dar voz a cada um, validando as suas dores e frustrações, e mostrando-lhes os pontos em comum que eles já nem conseguiam ver. Através de um diálogo estruturado e empático, conseguiram chegar a um consenso, algo que parecia impossível no início. O assistente social atua como um facilitador, ajudando a estreitar as relações entre os envolvidos no conflito. É um trabalho de paciência, clareza e, acima de tudo, de muita escuta qualificada. É preciso ter a capacidade de manter a calma e a objetividade mesmo quando a atmosfera está carregada de emoções.
Estratégias para Mediadores de Conflitos
- Identificar Interesses e Não Posições: As pessoas geralmente defendem posições, mas por trás delas, existem interesses. A minha função é ajudar a desvendar esses interesses reais para que as soluções sejam mais duradouras.
- Promover o Diálogo Estruturado: Criar um ambiente onde todos se sintam seguros para expressar-se, com regras claras para a comunicação. Isso evita que a discussão se torne um ataque pessoal.
Mantendo a Calma Sob Pressão: O Nosso Papel Crucial
- Autocontrolo Emocional: É essencial gerir as nossas próprias emoções para não sermos arrastados para o drama do conflito. A neutralidade é a nossa força.
- Foco na Solução: Mesmo em momentos de alta tensão, direcionar a conversa para possíveis soluções, por mais pequenas que sejam, ajuda a desescalar a situação.
Conectando Mundos: A Comunicação Interdisciplinar
No Serviço Social, raramente trabalhamos sozinhos. Estamos sempre em contacto com psicólogos, médicos, enfermeiros, professores, advogados… e cada um tem a sua linguagem, a sua perspetiva, a sua forma de ver o mundo. A comunicação interdisciplinar é como tentar falar várias línguas ao mesmo tempo, mas é absolutamente essencial para garantir uma intervenção holística e eficaz para os nossos utentes. Lembro-me de uma reunião em que eu, o psicólogo e a médica tínhamos visões muito diferentes sobre o plano de cuidados de uma família. No início, a conversa era mais um monólogo de cada um. Mas, ao abrir espaço para que cada um explicasse a sua perspetiva e as razões por trás dela, com uma escuta genuína, começámos a encontrar pontos de convergência. É preciso quebrar os “muros” entre as disciplinas e construir pontes de diálogo, porque, no fim das contas, o nosso objetivo é o mesmo: o bem-estar da pessoa ou família que estamos a acompanhar. É um desafio contínuo, que exige abertura, humildade e muita vontade de aprender com o outro. Só assim conseguimos tecer uma rede de apoio que realmente faça a diferença.
Colaboração Eficaz: Falando a Mesma Língua entre Profissionais

- Compartilhar Informações de Forma Clara: Utilizar uma linguagem acessível a todos os profissionais, evitando jargões técnicos sempre que possível.
- Definir Papéis e Responsabilidades: Saber quem faz o quê ajuda a evitar sobreposições e lacunas na intervenção, garantindo que o utente receba o apoio necessário de forma coordenada.
Desafios e Soluções em Equipas Multidisciplinares
- Superar Barreiras de Comunicação: As diferenças de formação podem gerar mal-entendidos. Promover reuniões regulares e espaços de partilha de saberes pode ajudar a mitigar isso.
- Valorizar Todas as Perspetivas: Cada profissional traz uma peça importante para o puzzle. Incentivar que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas é fundamental para uma solução completa.
O Impacto da Tecnologia na Nossa Comunicação Diária
Quem diria que um dia iríamos fazer atendimentos por videochamada ou enviar relatórios urgentes por e-mail? A tecnologia chegou para ficar na nossa profissão e, sejamos sinceros, trouxe muitos desafios, mas também muitas facilidades. Lembro-me da minha relutância inicial em usar certas plataformas, mas a pandemia, por exemplo, obrigou-me a adaptar-me rapidamente. Descobri que as ferramentas digitais podem ser aliadas poderosas, permitindo-nos alcançar pessoas em áreas remotas, agilizar processos e manter a comunicação contínua mesmo à distância. No entanto, é crucial saber usá-las de forma ética, segura e humanizada. Não podemos deixar que a tecnologia nos afaste da essência da nossa profissão: a conexão humana. É uma balança delicada entre a eficiência digital e a sensibilidade do contacto pessoal. Em Portugal, a utilização da tecnologia no Serviço Social está a crescer, mas ainda há necessidade de desenvolver mais competências digitais. É um caminho sem volta, e precisamos estar preparados.
| Ferramenta | Vantagens | Desafios |
|---|---|---|
| Videoconferências (Zoom, Teams) | Permite contacto visual em tempo real; Reduz barreiras geográficas. | Exige boa conexão à internet; Pode ser impessoal; Questões de privacidade. |
| E-mails e Mensagens Seguras | Facilita a comunicação assíncrona; Registo de informações. | Risco de interpretação errada do tom; Necessidade de proteção de dados. |
| Plataformas de Gestão de Casos | Organização de informação do utente; Colaboração entre equipas. | Curva de aprendizagem; Custos de implementação; Segurança de dados. |
E-mails, Mensagens e Videoconferências: Melhores Práticas
- Clareza e Concision: Especialmente em e-mails e mensagens, ser direto e claro evita mal-entendidos.
- Limites e Horários: É importante estabelecer limites para a comunicação digital para não invadir o espaço pessoal dos utentes e para preservar o nosso próprio bem-estar.
Cibersegurança e Ética no Digital
- Proteção de Dados: A segurança da informação é primordial. Nunca partilhar dados sensíveis através de canais não seguros e estar sempre atento às políticas de privacidade.
- Humanização do Digital: Mesmo atrás de um ecrã, a empatia e o respeito devem ser a nossa bússola. A comunicação digital não anula a necessidade de uma abordagem humana e calorosa.
Cultivando a Empatia e a Autenticidade em Cada Interação
Chegámos a um ponto que para mim é o coração da nossa profissão: a empatia. Não é apenas uma palavra bonita; é a capacidade de nos colocarmos verdadeiramente no lugar do outro, de sentir com ele, de ver o mundo através dos seus olhos, sem perdermos a nossa identidade profissional. No Serviço Social, a empatia é o que nos permite construir relações de confiança profundas e duradouras, é o que nos diferencia e nos torna capazes de prestar um apoio genuíno. Lembro-me de uma jovem mãe que chegou ao meu gabinete desesperada, sentindo-se um fracasso. Em vez de lhe dizer o que fazer, sentei-me e deixei-a falar, chorar, desabafar. Tentei imaginar-me na sua situação, com todas as suas pressões e medos. Não precisei de palavras complexas; a minha presença empática foi o que a fez sentir-se compreendida e menos sozinha. Essa conexão permitiu-nos, depois, trabalhar juntas em soluções. A autenticidade, por sua vez, é a nossa verdade. É ser quem somos, com as nossas vulnerabilidades e forças, na relação de ajuda. Os utentes sentem quando somos genuínos e quando não somos. E é na autenticidade que reside grande parte da nossa capacidade de gerar confiança e de inspirar mudança.
Calçar os Sapatos do Outro: Uma Experiência Transformadora
- Escuta Profunda e Sem Julgamentos: Para ser empático, preciso deixar os meus preconceitos de lado e focar-me na história do outro, validando os seus sentimentos.
- Reconhecer e Validar Emoções: Muitas vezes, as pessoas só precisam que as suas emoções sejam reconhecidas e que se sintam vistas e ouvidas. Dizer “Percebo que esteja a sentir-se assim” pode ser mais poderoso do que qualquer conselho.
Sendo Genuíno: A Nossa Verdade na Relação de Ajuda
- Transparência na Comunicação: Ser honesto sobre os nossos limites e sobre o que podemos e não podemos fazer, dentro da ética profissional.
- Coerência entre Discurso e Prática: Os nossos valores e a nossa postura devem estar alinhados. Isso constrói credibilidade e fortalece a nossa autoridade profissional.
글을 마치며
Chegamos ao fim de mais uma partilha e, confesso, é sempre um prazer enorme poder trazer um pouco da minha experiência para todos vocês. A comunicação, como vimos, não é apenas uma habilidade que usamos no dia a dia do Serviço Social; é a essência do nosso trabalho, o fio invisível que conecta corações, mentes e, mais importante, soluções. É a arte de ouvir o que não é dito, de ver o que está além do óbvio e de construir pontes onde antes havia muros. Lembrem-se que cada palavra que escolhemos, cada gesto que fazemos, cada momento de escuta ativa, tudo isso contribui para a qualidade da nossa intervenção e para o impacto real que temos na vida dos nossos utentes. Eu, particularmente, percebo o quão fundamental é continuar a aprimorar esta capacidade, pois o mundo está em constante mudança, e nós precisamos acompanhar para continuar a fazer a diferença, de forma cada vez mais humana e eficaz. Não é uma meta a ser alcançada, mas sim uma jornada contínua de aprendizagem e adaptação.
알아quecias do meu dia.
2. Observe a Comunicação Não-Verbal em Todos os Contextos: Desde a sala de espera do consultório até uma conversa casual na rua, os gestos, as expressões e a postura contam histórias. Desenvolver essa observação aguçada irá enriquecer a sua percepção e a sua capacidade de leitura do ambiente e das pessoas. É um treino constante para decifrar os sinais silenciosos, aqueles que muitas vezes revelam mais do que as palavras ditas.
3. Peça e Dê Feedback de Forma Construtiva Regularmente: Crie um ambiente seguro na sua equipa de trabalho para que o feedback seja uma ferramenta de crescimento, e não de crítica. Comece por elogiar um aspeto positivo, depois apresente o ponto a melhorar de forma específica e ofereça sugestões. Esteja também aberto a recebê-lo, com uma postura de aprendizado, pois a autocrítica e a capacidade de ser receptivo são passos cruciais para a evolução profissional.
4. Invista em Cursos e Workshops de Mediação de Conflitos: Mesmo que não seja a sua área principal, as competências de mediação são incrivelmente úteis. Aprender a guiar conversas difíceis com neutralidade e foco na solução é um diferencial que fará toda a diferença na sua prática profissional e pessoal. Há muitas opções acessíveis hoje em dia, inclusive online, que podem aprofundar a sua compreensão sobre dinâmicas de conflito e estratégias de resolução.
5. Mantenha-se Atualizado sobre as Ferramentas Digitais e a sua Ética: O mundo digital está sempre a evoluir. Dedique um tempo para explorar novas plataformas, entender as suas funcionalidades e, acima de tudo, as implicações éticas e de segurança de dados ao lidar com informações sensíveis dos utentes. A adaptação é chave para uma comunicação moderna e responsável, mas sem nunca perder o toque humano e a confidencialidade que a nossa profissão exige.
Pontos Essenciais a Retenir
A comunicação eficaz é, sem dúvida, o alicerce do Serviço Social. Ela transcende a mera troca de informações, tornando-se uma ferramenta poderosa de transformação e empoderamento para os nossos utentes. Vimos que ao praticarmos a escuta ativa, conseguimos ir muito além das palavras proferidas, capturando as emoções, as necessidades implícitas e os contextos não-verbais que moldam as complexas realidades daqueles que procuram o nosso apoio. É através de uma linguagem corporal aberta, um sorriso genuíno e uma postura acolhedora que construímos a confiança inicial, permitindo que as histórias se desdobrem e as vulnerabilidades sejam partilhadas num ambiente verdadeiramente seguro. A capacidade de fornecer feedback construtivo, sempre focado no comportamento e na busca de soluções, é crucial não só para o desenvolvimento dos nossos utentes, mas também para o fortalecimento das nossas equipas multidisciplinares e a promoção de um ambiente colaborativo. Em momentos de crise e conflito, a nossa habilidade em mediar, em manter a calma sob pressão e em focar nos interesses comuns de todas as partes, é o que nos permite transpor barreiras aparentemente intransponíveis e alcançar consensos duradouros. E, embora a tecnologia nos ofereça novas e valiosas pontes para a comunicação, a essência do nosso trabalho permanece inabalável: a conexão humana, a empatia genuína e a autenticidade que só um profissional comprometido consegue oferecer. É essa combinação singular de competências que garante que as nossas intervenções não sejam apenas reativas, mas sim proativas, construindo caminhos sólidos para a autonomia, dignidade e um bem-estar duradouro para as comunidades que servimos. No Serviço Social, a comunicação é, em sua mais pura forma, a arte de tocar e transformar vidas, uma interação de cada vez.
Perguntas Frequentes (FAQ) 📖
P: Quais são os maiores desafios de comunicação que nós, assistentes sociais, enfrentamos no dia a dia e como podemos superá-los?
R: Olhem, na minha experiência, um dos maiores desafios é a complexidade das situações que encontramos. Muitas vezes, estamos a lidar com pessoas em momentos de grande vulnerabilidade, com histórias de vida intrincadas, e nem sempre é fácil fazer com que a nossa mensagem seja compreendida de forma clara e empática, ou, mais importante ainda, conseguir captar tudo o que está por trás das palavras.
A burocratização excessiva também não ajuda, pois a pressão por respostas imediatas e a gestão de casos podem diminuir o tempo de acompanhamento real e direto com as pessoas.
Eu senti que uma grande parte do desafio está em conseguir conciliar a necessidade de registar tudo e cumprir com os procedimentos, com a essência do nosso trabalho, que é a relação humana.
Para superar isto, descobri que a chave está em aprimorar a nossa escuta ativa. Não basta só ouvir o que a pessoa diz, é preciso sentir, perceber os silêncios, a linguagem corporal, e ler nas entrelinhas.
Isso cria um ambiente de confiança, fortalece o vínculo e permite-nos ir além do óbvio, identificando as necessidades subjacentes. Também percebi que é fundamental adaptar a nossa linguagem ao público.
Usar termos simples, evitar jargões técnicos sempre que possível, e certificarmo-nos de que a pessoa realmente entendeu a informação que partilhamos. E, claro, a formação contínua em comunicação, até mesmo com foco em comunicação não violenta, faz uma diferença brutal.
Não é um luxo, é uma necessidade para nós!
P: Com a crescente digitalização, como as ferramentas digitais podem realmente otimizar a nossa comunicação e qual o cuidado que devemos ter?
R: Ah, o mundo digital! Confesso que, no início, era um bocado cética, mas hoje vejo que as ferramentas digitais são aliados poderosos, desde que bem usadas.
Por exemplo, plataformas de videoconferência como o Zoom ou o Microsoft Teams tornaram possível manter o contacto com utentes que, por vezes, vivem longe ou têm mobilidade reduzida.
Isso significa que podemos alcançar mais pessoas e oferecer apoio mesmo em áreas remotas, o que é fantástico. E não é só para o atendimento direto! Ferramentas de gestão de casos, embora gerem alguma burocracia, se bem implementadas, podem ajudar a organizar informações, monitorizar o progresso dos casos e até gerar relatórios, libertando-nos tempo para o que realmente importa: o contacto humano.
Mas, atenção! A era digital traz desafios éticos sérios, como a privacidade e a segurança dos dados dos nossos utentes. É crucial ter muito cuidado com o tipo de informação que partilhamos online e usar apenas plataformas seguras.
Além disso, e isto para mim é importantíssimo, a tecnologia nunca deve substituir a conexão humana genuína. Ela é uma ferramenta para facilitar, não para desumanizar.
Precisamos estar conscientes de que nem todos têm acesso à internet ou sabem usar estas ferramentas, e é nosso dever garantir que ninguém fique desamparado por causa da exclusão digital.
No fim das contas, a tecnologia serve para nos ajudar a ser mais eficientes, mas a nossa empatia e presença são insubstituíveis.
P: Para além da escuta ativa, que outras estratégias de comunicação podemos integrar na nossa prática para ter um impacto ainda mais positivo e promover o bem-estar profissional?
R: Ora, a escuta ativa é a base, sem dúvida! Mas há muito mais que podemos fazer para que a nossa comunicação seja um superpoder. Uma coisa que mudou a minha prática foi focar-me na comunicação não verbal.
Sabiam que os nossos gestos, a postura, o contacto visual, e até o tom de voz dizem muito mais do que as palavras? Quando estou a conversar com alguém, tento manter um contacto visual adequado – nem demais, nem de menos –, presto atenção à minha postura para transmitir abertura e acolhimento, e controlo o meu tom de voz para que seja calmo e assertivo.
É incrível como isso pode fazer a outra pessoa sentir-se mais confortável e aberta para partilhar. Outra estratégia essencial é o feedback construtivo.
No nosso trabalho, precisamos de ser claros e objetivos ao dar e receber feedback, seja com colegas ou com os próprios utentes. Mas a chave é fazê-lo de forma que edifique, que mostre um caminho, em vez de criticar.
“Eu sinto que…”, “Na minha perspetiva…”, “Que tal tentarmos assim?” são frases que uso muito e que abrem portas. E não podemos esquecer o nosso próprio bem-estar!
A comunicação eficaz também passa por saber definir limites, dizer “não” quando necessário, e expressar as nossas próprias necessidades e sentimentos.
É um desafio, claro, mas ajuda-nos a evitar o esgotamento profissional e a manter a nossa “bateria” recarregada. Afinal, para cuidarmos dos outros, temos que cuidar de nós próprios primeiro.
Lembrem-se, uma comunicação mais poderosa não só ajuda os nossos utentes, como também nos empodera enquanto profissionais!





